24/11/2013
O NORDESTINO POR NATUREZA JÁ É UMA BELEZA
NÃO PRECISAMOS FALAR INGRÊS
Sou João
fii de Josefa
Nordestino
Feliz por natureza
pra alguns
desculturado
sugestivamente
matuto sofredor
más, não menos feliz
que qualquer
infeliz das costas oca.
Jamais sonhei tão alto
nem nunca
porém
ser fii de burgues
Pois de brinquedo
só conheço biloca
baladeira
vaquinhas feitas de manga verde.
Nunca jamais
joguei um ta de xadrez
por isso nem de longe
Nós precisamos
falar INGRÊS.
Fui criado no terreiro
a base de mii verde
com ovo de galinha pedrez
Cortando cana e
ordenhando o gado
fui menino
fui Rei
Matutim como me chamam
me orgulho de ser assim
matutim
matutim
trabalhei pra você e pra mim.
A evolução
por aqui nunca chegou
NOSSA MÚSICA
É O CANTO DOS PASSARIM
nossa escola
é as prozas do véi Serafim.
Não me vergonho
não conheço nem de longe
esse tá de xoping
nem tão pouco
o cantor Mixael Jaquirson
fui criado junto aos bichos
desconheço o tá carrefú,
conheço só Mané da bodega
desse sim sou freguês.
Por isso mesmo seu moço
que não precisamos
falar INGRÊS.
Me chamam de cabra grosso
de bicho do mato
de mané vei
de analfabeto
de cabra indiscreto
de tudo quanto é coisa ruim
como se ter a cabeça chata
fosse um fim anunciado,
não sabe eles
que somos dos fii de DEUS
os mais amados.
Só sei... Que
O açude é meu lazer,
bola de meia
é meu futebó.
Rapidim como um guiné
menino Réi
sou sambudo,
chamado mininim ligerez
por isso seu moço
não precisamos
Nem de longe
falar INGRÊS.
Tentam nos desmerecer
tanto a mim quanto a você
por sermos Nordestinos
de idioma o belo Nordestinês.
Porque meus amiguim
uma coisa eu digo a ocês
para falarmos bunitim
não precisamos fazer biquim
como num ta de Francês
nem drobrar a linguinha
ja partindo pra estupidêz.
No Nordetestinês
É só falar com o coração
que os versos
vem naturalmente
soando como uma linda canção.
Tão digna e mior
quanto qualquer Burguês
é por isso que digo
que bixiga eu preciso
falar INGRÊS.
A televisão
obriga a nós
a esquecer de onde viemo
Se somo fii de Jose
ou neto João
fiii de vaqueiro
ou de Maria
a véia do pão
O negócio meus irmãos
Que a memória é pouca
Mas muitas vezes
lembro dela quase rouca
intuando uns versim
bem dizido
feito pra você e pra mim
para nos fazer dormir
num mais lindo Nordestines.
É por essas e outras coisas
que nem longe precisamos
falar INGRÊS.
As vezes paim
falava BAIXIM
meu fiiim
não baixa a cabeça pru mundo
teima...
mais teima uma,
ou duas vez,
se não der
teima nove,
ou até dezesseis.
E assim,
Desde de pequeninim
criado no pão
na raspa da rapadura
tanto mata
quanto cura.
Hoje
ouço de longe
as prozas de paim...
aprendi a falar
prumode
pruque
donde turvai
ou donde tuRvem,
aprendi a falar
de tudo um pouco
mais tudo dentro do Nordestines.
Essa é a lingua
que amamos
que sempre nos satifez...
desculpa seu moço
a minha arrogancia
ou quem sabe minha estupidez
MAIS NÃO INSISTA
Porque não precisamos
Literalmente falar INGRÊS.
Tenho dito,
Beto Nazário
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